terça-feira, 25 de setembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
Rio+20 também esculacha
Centenas de jovens, entre militantes brasileiros e de outros países latino-americanos, participaram do "esculacho" de Dulene Aleixo Garcez do Reis, no Rio de Janeiro. Amparado na Lei de Anistia, Garcez do Reis reside no apartamento 1409 do prédio localizado na Avenida Lauro Muller, 96, onde dois de seus vizinhos disseram ignorar que viviam junto a um repressor que em 1970 torturou o secretário geral do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário Mario Alves, morto pouco depois no Batalhão da Polícia do Exército na Barra da Tijuca. A reportagem é de Darío Pignotti.
Darío Pignotti - Especial para Carta Maior
Rio de Janeiro - Ana Bursztym-Miranda, ex-companheira de prisão de Dilma Rousseff, foi feita prisioneira por agentes da ditadura aqui, na zona universitária da Urca, há 30 anos. “Me sequestraram a três quadras desta praça onde agora estão estes jovens do Levante Popular, é necessário que os repressores sejam esculachados para recuperar a memória, para que se conheça a verdade e se faça justiça, não vamos desistir até que se faça justiça”.
“Estes jovens não são da geração de meus filhos, porque nossos filhos cresceram com temor por serem tratados como filhos de bandidos, esta nova geração não está intimidada pela repressão, eles vão de frente à busca da verdade”.
Ana participou hoje, junto a centenas de jovens entre os quais havia militantes brasileiros e de países latino-americanos, na marcha até o domicilio do torturador Dulene Aleixo Garcez do Reis, no Botafogo.
Amparado na Lei de Anistia, Garcez do Reis reside no apartamento 1409 do prédio localizado na Avenida Lauro Muller, 96, onde dois de seus vizinhos me disseram ignorar que viviam junto a um repressor que em 1970 torturou o secretário geral do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário Mario Alves, morto pouco depois no Batalhão da Polícia do Exército na Barra da Tijuca.
Há bandeiras do MST, um estandarte multicolor que representa as nações indígenas bolivianas, militantes com bonés verdes nos quais se lê um repúdio ao “capitalismo verde” e campesinos paraguaios. Boa parte dos presentes está participando na Cúpula dos Povos que acontece no Aterro do Flamengo, a umas poucas quadras da residência do torturador.
Todos os entrevistados - fora César, que trabalha na segurança privada - coincidiram que os esculachos devem gerar consciência e aumentar a pressão por um objetivo crucial: que haja Justiça com os repressores da ditadura.
Carolina Dias, estudante da Faculdade de Ciências Sociais, é uma das coordenadoras do esculacho e me explica que esta modalidade de denúncia “se inspirou no que fizeram os companheiros da Argentina e do Uruguai contra os repressores”. “A gente acredita muito na força do povo e se o Povo toma consciência da necessidade de que se puna os repressores não haverá imprensa, por mais hegemônica que seja, que possa frear o avanço até a Justiça” assegura Carolina.
“O importante desta marcha é que há companheiros de vários estados vindos à Cúpula dos Povos, a partir deste ano os esculachos se nacionalizaram, em maio fizemos esculachos simultâneos em 11 estados, vamos avançando a passos curtos, não podemos avançar além de nossas próprias pernas” opina Carolina, de 22 anos.
Eliete Ferrer foi presa no Chile em 1973, pouco depois do golpe de Estado, financiado e apoiado pela ditadura brasileira em conluio com o Departamento de Estado.
“Se o esculacho é uma prática que está sendo realizada em todos os países da região, também temos que realizar investigações coordenadas sobre a Operação Condor para esclarecer como se reprimiu e matou os militantes em vários países” me disse Ferrer, que acaba de publicar um livro sobre as vítimas da repressão.
Rosa Britez veio do Paraguai para participar da Cúpula. “Esculachar os militares está muito bem, para que se faça Justiça. No Paraguai a Justiça é muito corrupta e muito lenta, e quase ninguém foi preso. Se todos os jovens e os militantes fizerem pressão, vai poder haver justiça. Nós sabemos que (o ditador) Stroessner recebeu muita ajuda do Brasil, que trocavam prisioneiros na Operação Condor”.
Só faltava o Capitão Nascimento
Nunca havia visto um caveirão ao vivo até o meio-dia de hoje. O veículo estava parado em frente ao prédio do repressor Garcez dos Reis, atrás e dando cobertura a um nutrido número de efetivos da polícia de choque, liderados pelo robusto major Pires. Pelo menos cinco viaturas, outras tantas motocicletas e um helicóptero que depois de sobrevoar pelo menos quatro vezes a marcha, permaneceu uns 5 minutos estático sobre os manifestantes.
“Isto não é um ato de proteção à marcha, é uma provocação. Colocam o helicóptero aqui em cima para impedir que se ouçam os oradores... ninguém sabe para que trazer um caveirão... isto acontece porque o Estado que torturou continua sendo igual agora, um Estado repressivo” disse Neyrivam, do MST de Pernambuco.
A maioria das janelas do edifício está fechada, salvo algumas onde se notam alguns vizinhos que tiram fotos dos manifestantes quando aplaudem um orador que diz “somos um país pária na justiça internacional... os esculachos continuarão enquanto não houver uma revisão da anistia”.
Tradução: Libório Júnior
Fotos: http://levante.org.br
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Conhecendo o Zoológico de Araçatuba São Paulo
O Zoológico Municipal de Araçatuba se chama Dr. Flávio Leite
Ribeiro e existe desde 02/12/1963. Sabe-se que o Sr. Naoum Cury, amigo do Dr.
Flávio, foi quem importou o primeiro leão de nome Yuri, dando início ao acervo
do vivo, os demais foram surgindo em situações que vamos tentar descrever a
todos os leitores e curiosos assim terão propriedade para contar histórias.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Mulheres tiram
sustento do que é descartado
Depois de separados, os materiais recicláveis são beneficiados e encaminhados para várias indústrias de SP que compram o produto.
O lixo é conhecido pelo ser humano como tudo aquilo que não
tem mais valor e nem condição de ser usado. Um grupo formado por 26 mulheres
tem uma visão diferente deste pensamento. Reunidas numa recém-criada
cooperativa de reciclagem em Araçatuba, elas obtêm o seu ganha-pão por meio
daquilo que a sociedade descartou um dia.
A Cooper Araçá (Cooperativa de Coleta Seletiva e
Beneficiamento de Materiais Recicláveis de Araçatuba) é composta por 26
mulheres e 3 homens. O grupo atua nas instalações do aterro sanitário,
localizado na zona rural. A cooperativa tem o apoio da Prefeitura de Araçatuba
e da Revita Engenharia, empresa responsável pela limpeza pública.
O salário dos cooperados é pago com a venda dos recicláveis
coletados no município. A faixa etária do grupo varia de 19 a 56 anos de idade.
Em comum, são pessoas que trabalhavam de forma perigosa com o lixo. Alguns
exerciam funções com baixíssima remuneração, se encontravam em situação de
vulnerabilidade social ou não tinham trabalho.
Janete Araújo de Oliveira, 52 anos, coletou material
reciclável na rua por um ano. Ela começou a recolher lixo por não querer ser
mais empregada doméstica. O primeiro transporte usado para o serviço foi um
carrinho de bebê, improviso que durou até ela conseguir um carrinho adequado. O
trabalho começava antes de o sol nascer, mas o rendimento não ultrapassava R$
200 por mês.
"Eu pegava muito dia de chuva", diz Janete, ao se
recordar do passado. Ela foi uma das primeiras a fazer parte da Cooper Araçá,
inaugurada em julho de 2011. Na nova função, ela demonstra agilidade e chega a
separar, simultaneamente, dez tipos diferentes de resíduos. Com um ganho maior,
está mais fácil pagar os gastos de casa, onde também vivem a filha, de 20 anos,
e o neto, 4 anos.
PARTICIPAÇÃO
As cooperadas chegam a separar e a beneficiar 60 toneladas
de recicláveis ao mês, em média. Todo recurso obtido com a venda do material
para indústrias de reciclagem do Estado é revertido no salário dos
trabalhadores, que varia de R$ 500 a pouco mais de R$ 900.
Os ganhos poderiam ser maiores, pois o material reciclado
representa apenas 1,1% das 5,4 mil toneladas de lixo geradas mensalmente no
município.
De acordo com a presidente da Cooper Araçá, Zenaide dos
Santos, 55, se a população separasse o lixo seco, como plástico, alumínio e
papel, do orgânico, o volume de material apto para a reciclagem seria maior. A
meta da cooperativa é a de ultrapassar a marca de 100 toneladas de recicláveis
ao mês, além de gerar mais empregos e aumentar o quadro de cooperados.
"Eu observo que as pessoas descartam a maior parte do
material reciclável no lixo orgânico. Por isso, muito material que poderia ser
reciclado acaba passando e vai parar no aterro", afirma Zenaide. Antes de
ser a líder na cooperativa, ela trabalhou catando recicláveis na rua por 9
anos.
Gabriel Lopes, supervisor da Revita, confirma o diagnóstico
da cooperativa e afirma que o município tem capacidade de aumentar o volume de
resíduos reciclados. "É fundamental a conscientização e a educação
ambiental em descartar os recicláveis da maneira correta. Talvez um
entendimento maior de para onde isso está indo, como é feito é quem está sendo
ajudado motivaria mais as pessoas", afirma.
O biólogo José Luís de Carvalho Sales, da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente de Araçatuba, diz que, basicamente, as pessoas devem
separar o lixo seco do úmido. "Muitas pessoas mandam só a latinha de
alumínio e o tetra pak, mas se esquecem de que as latinhas de concentrados
também podem ser recicladas", lembra.
ETAPAS
Na última semana, a Folha da Região acompanhou o trabalho da
cooperativa. A primeira etapa consiste em descarregar o material coletado num
fosso, trabalho feito pela Revita Engenharia. Com o auxílio de uma máquina
coletora, a cooperada Célia Calixto Silva, 46, junta montes de lixo, já
devidamente selecionado pela população, para depositá-los na esteira de
separação, onde atua a maior parte das cooperadas. Depois de separados, o
reciclável é beneficiado e encaminhado para várias indústrias do Estado, que
compram o produto.
As irmãs Neusa Mendes de Souza, 48, e Terezinha Mendes de
Souza, 55, apontam a segurança em trabalhar na cooperativa. "Aqui eu tenho
mais segurança, antes eu não tinha. Não usava máscara e nem luva. Banheiro,
então, nem se fala", diz Terezinha, que já chegou a trabalhar até no
antigo lixão.
As duas têm alguns sonhos, que esperam conseguir por meio da
coleta de recicláveis. Enquanto Terezinha imagina o dia em que conseguirá
fechar as rachaduras de sua casa, Neusa pensa em poder comprar alguns móveis
que ainda não tem para viver com mais conforto.
Os planos se confundem com os de outras mulheres, mas
dependem do empenho da população em colaborar com a coleta seletiva para serem
alcançados.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
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